domingo, 23 de dezembro de 2007

Tapetes de Arraiolos

Uma das coisas que mais gosto na cidade é observar pessoas e ver como elas se comportam. Durante o dia ocorrem-me bastantes ideias para postar aqui, mas no poucas restam efectivas.

Ontem antes de regressar para casa passei na montra de uma loja que vende tapetes de Arraiolos, bastante famosa. Cá de fora, através da montra o vendedor encontrava-se sentado à sua secretária e ao telefone. Gesticulava em arcos com o braço esquerdo, segurando o auscultador com a mão direita. Em frente sentavam-se o que poderiam muito bem ser, mãe e filha. Cá de fora não se ouvia nada. Aquela que seria a mãe, escutava atentamente o vendedor, no entanto o que me chamou à atenção foi o seu olhar vago e distante. Algo entre o atónito e aquele olhar de quem ou já não espera nada da vida ou aquele que deriva do Prozac

Não consegui perceber muito bem a sua idade mas já não era nova.

Ao seu lado encontra-se a figura central deste quadro vivo.

A filha. (parece a Noiva do Tarantino... mas em nada se assemelha).

A filha está inclinada para a frente com os cotovelos sobre os joelhos as mãos cobrem a cara numa atitude de desespero. Cobre a cara com as mãos como se estivesse a chorar. O que me chamou à atenção foi o ar trágico da cena e pensei que talvez estivessem a vender um tapete para ser vendido pela casa em segunda mão e que com o dinheiro iriam comprar o bacalhau para a ceia de Natal e que filha e mãe estavam a chorar a perda de tão valiosa obra de arte...

Mas depois pensei: não. Deve ser algum tapete que não está pronto ou não chegou a tempo para a senhora oferecer a alguém no Natal...


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