segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Feliz 2008

Em Noite de folia e desgraceira completa, desejo-vos a todos a celebração (em pé, se possível) da passagem de 2007 para 2008.
Desejo igualmente que o ano 2008 seja bem melhor que 2007, o que é uma ironia dado que estaremos, no final desse ano um ano mais velhos e teoricamente mais perto da morte.

Logo, aproveitem bem. Ou como diria um herbário do séc X ou XI, Carpe Diem.

domingo, 30 de dezembro de 2007

Visita Quinta da Regaleira


Devemos fazer a visita à Quinta da Regaleira utilizando um guia. Esta é a sugestão que vos deixo. Talvez assim possam perceber algumas das coisas que se dizem acerca deste espaço. Nomeadamente que:

Não existe qualquer sinal maçónico em toda a Quinta;

O Dr. Carvalho Monteiro era um Gnóstico;

A verdadeira essência dos códigos é a numerologia;

As grandes alusões são feitas pela via da religião católica, pelas suas obras e pelos seus mentores;

Grande do seu significado espelha a preocupação escatológica, refere a mística, a mitologia associada ao movimento romântico e procura a perfeição;

No fundo a Quinta da Regaleira é um monumento pró-monárquico em pleno pré-republicanismo, onde o sentimento de nacionalidade se espelha na Esfera armilar, na Cruz de Cristo, no estilo neo-manuelino...

Deixem-se levar pela maravilha do espaço, do tempo e da genialidade de Carvalho Monteiro e Luigi Nanini.

sábado, 29 de dezembro de 2007

Fábula do Cão que ladrava para a Lua

Era uma vez um cão, daqueles tinhosos, rafeiro horrível, mas muito bom caçador. O seu dono conservava-o por um afecto que não conseguia explicar porque o cão tinha uma grave característica que foi crescendo há medida que ia ficando mais velho.

Ladrava de noite e à Lua.

Incessantemente.

Os vizinhos, cansados da gritaria e da barulheira avisaram o dono do cão que assim não podia ser, que era demais... que tinha que agir.

Um dia de Lua, num daqueles acessos de raiva, num ímpeto inexplicável, o dono pega na caçadeira, dirige-se ao cão que uivava e ladrava que se desalmava e ... matou-o com um tiro.

(moral: o segredo está em ladrar baixinho)

sexta-feira, 28 de dezembro de 2007

A tentativa de suicídio

Véspera de Feriado em Portugal. Além de mim, centenas de outras pessoas dirigem-se a algumas cadeias de fast food take away para um jantar improvisado, tranquilo e sem trabalho porque ainda por cima hoje há jogo. A afluência nestes dias geralmente é algo de extraordinário. Quando entro, depois de realizar previamente a minha encomenda por telefone, sonho com umas pizzas quentinhas e rápidas devido ao adiantado da hora.
À minha frente estão duas pessoas. Uma ao balcão com a funcionária a ser atendida e outra à minha frente. À medida que o jogo se desenrolava na televisão, estava a distrair-me e de alguma forma deixei-me estar à espera. Com o passar do tempo, as pessoas que foram chegando juntaram-se formando uma fila até à porta (o habitual é estar uma, no máximo duas pessoas).
É neste momento que reparo que o que nos está a deter é simplesmente o facto do multibanco não estar a funcionar. Não o da loja, mas o do indivíduo que estava a ser atendido. Sim o cartão multibanco. Mas o curioso é que o imbecil insistia em que não podia ser e que tinha saldo e que a máquina é que não prestava e começava a atormentar a funcionária que não tinha culpa nenhuma, chegando a insinuar por diversas vezes que era incompetente. Nisto passou-se algum tempo até que num desabafo parvo qualquer, o fulano resolve ir a uma caixa multibanco na rua levantar o dinheiro para pagar a conta (coisa que, aliás, lhe tinha sido sugerida, e que ele devia ter aceite...há muito tempo atrás).
Logicamente o caos estava instalado. Pessoas na rua, gritaria, insultos, caras vermelhas, olhares de desânimo... mas todos olharam o "culpado" daquele caos com desejos de morte, tortura e alguns de castramento.
A coisa com a sua saída finalmente começa a rolar. E em menos de dois minutos chega a minha vez... eis senão que entra na loja o "piqueno" obstinado, responsável pela desgraça da noite. Dirige-se ao balcão e vomita as seguintes palavras com ar desdenhoso:
- Parece que vocês não têm isto lá muito bem organizado...
Responde a funcionária: - Porquê?
- Parece que vocês não têm isto lá muito organizado... o quer que faça um desenho? Já viu a fila que está? Caótica...

E por pouco não foi assassinado... ou seja, quase que consumou a tentativa de suicídio.

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

A Véspera do Dia Mais Longo

Chegou o Natal. E com ele, mais uma vez vieram os frenesins consumistas, as filas insustentáveis nos centros comerciais, a encomenda da lenha, as prendas, o aglutinar de gente junto ao papel de embrulho facultado pelas grandes cadeias comerciais. Na verdade há até gente que nao se deve importar de oferecer o queijo da serra e o presunto de chaves embrulhados em papel do Toys are Us, ou vinho embrulhado em papel Fnac.

E há quem não se importe de receber. Formidável e estonteante.

Ouviram-se histórias de pessoas que este ano não vão dar prendas à laia de protesto contra o consumismo exagerado da época. Recusam-se a celebrar o nascimento de Cristo num orgia de prendas, debaixo ou ao redor de uma árvore plástica decorada com a já gasta “decoração de Natal”. Acho simplesmente impressionante. Mas talvez o Natal nem devesse ser celebrado, dizem os mais radicais defensores do anti consumismo.

Mas na verdade, assistiremos a mais uma viagem, pelos céus da Europa e outros mundos cristãos, do nosso querido Pai Natal que já saiu da Lapónia. Desta vez, como sempre por motivos de ordem espaço-religiosa, ficaram fora de rota e sem prendas as crianças de África, Ásia, Espanha (é só no dia 6 de Janeiro) e todas as crianças cujos pais (ou a falta deles) não têm dinheiro para o devaneio de mandar vir da Lapónia, por trenó, puxado por renas, e conduzido por um velho que se evade das casas onde entra pela chaminé, vestido de vermelho (e tudo isto na época das compras on-line) as famigeradas prendas.

Bem? Mas afinal o que há de novo este Natal?

Nada.

Apenas a encomenda da lenha, é mais por causa do Inverno do que do Natal.

domingo, 23 de dezembro de 2007

Tapetes de Arraiolos

Uma das coisas que mais gosto na cidade é observar pessoas e ver como elas se comportam. Durante o dia ocorrem-me bastantes ideias para postar aqui, mas no poucas restam efectivas.

Ontem antes de regressar para casa passei na montra de uma loja que vende tapetes de Arraiolos, bastante famosa. Cá de fora, através da montra o vendedor encontrava-se sentado à sua secretária e ao telefone. Gesticulava em arcos com o braço esquerdo, segurando o auscultador com a mão direita. Em frente sentavam-se o que poderiam muito bem ser, mãe e filha. Cá de fora não se ouvia nada. Aquela que seria a mãe, escutava atentamente o vendedor, no entanto o que me chamou à atenção foi o seu olhar vago e distante. Algo entre o atónito e aquele olhar de quem ou já não espera nada da vida ou aquele que deriva do Prozac

Não consegui perceber muito bem a sua idade mas já não era nova.

Ao seu lado encontra-se a figura central deste quadro vivo.

A filha. (parece a Noiva do Tarantino... mas em nada se assemelha).

A filha está inclinada para a frente com os cotovelos sobre os joelhos as mãos cobrem a cara numa atitude de desespero. Cobre a cara com as mãos como se estivesse a chorar. O que me chamou à atenção foi o ar trágico da cena e pensei que talvez estivessem a vender um tapete para ser vendido pela casa em segunda mão e que com o dinheiro iriam comprar o bacalhau para a ceia de Natal e que filha e mãe estavam a chorar a perda de tão valiosa obra de arte...

Mas depois pensei: não. Deve ser algum tapete que não está pronto ou não chegou a tempo para a senhora oferecer a alguém no Natal...


quinta-feira, 20 de dezembro de 2007

Começa hoje o Herbário Público

Começa hoje, após algum tempo de ausência e sobre o que restou do Druantia (para aqueles que ainda se lembram, claro) um novo blogue. Este para durar. O Herbário Público é aquilo a que se pode chamar algo que para a alma será como o chá, a tisana, a erva medicinal.